Olá, você ouviu
falar sobre o que está acontecendo no Chile?
[áudio - O globo]
Eu sou Ernande e você vai ouvir o podcast música para pensar.
[vinheta de abertura]
Antes de falar sobre o nosso tema de hoje, queria contar para que
estou vendo a na Netflix uma série sobre Simon Bolívar. A biografia do famoso
libertador Sul Americano está me ajudando a conhecer melhor a história, o
que contribui para compreender a situação que vivemos hoje nem todo o
continente. Se tiver tempo, eu recomendo dar uma olhadinha.
[vinheta - Gritos na multidão]
Todas as pessoas querem um país com liberdade, prosperidade e
segurança para criar suas famílias. Em em nome dessa segurança, algumas vezes
são capazes até de abrir mão da liberdade, voluntariamente ou pela força, como
no caso das ditaduras. No entanto, chega um momento em que o desejo de
segurança e tranquilidade não são suficientes para impedir as revoltas.
[áudio - situação descrita por um Brasileiro que vive no Chile]
Motivos para ser revoltar no Chile, no Brasil e em outras partes o
mundo, não faltam e a história mostra que vão se acumulando. Por exemplo, o
Chile viveu uma das ditaduras militares mais sanguinárias de toda a América do
Sul. Durou entre 1973 e 1990 e como herança ficaram mais de três mil mortos e
desaparecidos, duzentos mil pessoas expulsas do País e uma das piores
distribuições de renda do planeta.
No Chile, ao contrário do que acontece no Brasil, o Neoliberalismo
puro e sem respiro é doutrina ideológica vigente em toda sua plenitude. E ao
contrário do que pregam os ideólogos do capital, não trouxe a riqueza prometida
para toda a população, ao contrário, aumentou a diferença entre o muito que
alguns poucos têm e o quase nada que têm a maioria.
O Neoliberalismo acelera a retirada de recursos dos mais pobre e
os dá em bandeja de prata aos mais ricos e faz isso através de governos fracos
que entregam a riqueza da nação para as empresas e os empresários. A ideologia,
propagada pelos servidores do capital, como a imprensa, alguns pastores
pentecostais e até intelectuais, escamoteiam esses efeitos tão bem que é
possível ver candidatos a miseráveis defendendo a reforma da previdência, que
aqui no Brasil segue o modelo neoliberal.
Dizem os ideólogos do crescimento econômico, que a única
forma de diminuir a pobreza, é o aumento da riqueza per capita das nações. No
entanto, o PIB e o salário mínimo no Chile são maiores do que no Brasil, já a
concentração de renda e o nível de pobreza são praticamente os mesmos.
Então o que explica os pobres do Chile viverem tão mal ou piores
do que os pobres do Brasil?
Aqui, bem ou mal, temos um sistema de Saúde, o SUS, que atende
todos. Temos escolas primárias e secundárias para a maioria da população e
universidade para uma parte e para outra parte ainda tem a possibilidade de
financiamento estudantil. Temos programas de habitação popular, Bolsa Família
e, até agora, aposentadoria que garante ao menos um salário mínimo. A água
potável é um direito, assim como o sangue usado em transfusões, mesmo que em
hospitais privados.
No Chile, tudo é mercadoria, tudo pode ser comprado e vendido por
quem dispõe de recursos. E ao se aposentar, a maioria dos trabalhadores são
jogados na extrema pobreza, porque com o salário de 1600 reais, que é o valor
do mínimo deles, não dá para economizar o suficiente e fazer uma poupança que
servirá de aposentadoria, tanto é que o valor médio da aposentadoria deles é
mais ou menos a metade do salário mínimo, o que impede até de andar de metrô,
com esses 20 centavos que o governo Sebastian Pinheira queria aumentar.
[vinheta - batuque]
E aqui tenho que bancar o advogado de satanás: já pensou se o
Congresso Nacional, com Rodrigo Maia e todos aqueles deputados que a gente conhece
bem, não tivessem impedidos a criação de uma aposentadoria nos moldes da
Chilena, que era o que esse Ministro da Economia do Presidente Miliciano
queria?
É por isso que temos que reconhecer que apesar do Congresso
Nacional ser ruim, do Judiciário ser horrível e da imprensa funcionar a serviço
do mercado, melhor com todos eles do que com uma única família ditando os rumos
do País. Ditadores são sempre corruptos, cerceadores de liberdade e só
conseguem ouvir elogios, como a família miliciana que governa o Brasil,
por enquanto.
Outra coisa que ditador sempre faz é tentar nomear o filho para
embaixada: obrigado senadores, por impedir isso. Vetar leis que criminalizam
fakeNews, obrigado Congresso Nacional por derrubar esse veto. E obrigar a
Polícia a não responder onde está o Queiroz e não encontrar os mandantes do
Assassinato de Mariele e Andson gomes.
[vinheta - Hoje a banda sairá]
Para pensar sobre isso, vamos ouvir, Gritos na multidão, do Grupo
Ira, uma música tão importante para banda que vem sendo gravada e regravada
desde o seu Compacto de Estreia em 1984
[música - Gritos na multidão, versão de 1984]
Depois regravados ao vivo em 1986, no disco Vivendo e não
aprendendo e no ano dois mil, no Disco MTV ao vivo.
Uma música histórica que nos ajuda a pensar sobre a necessidade
sempre presente e urgente da multidão ir para as ruas e gritar todas as suas
justas revoltas, muito justas.
Ouça aí, Gritos na multidão, e vamos pensar.
[Inserir vinheta]
Referência:
Assim está o Chile depois dos protestos contra o aumento dos
preços das passagens. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xlPVcoWykNY> Acessado em:
26/10/2019.
Ditadura militar no Chile. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_militar_no_Chile_(1973%E2%80%931990)> Acessado em:
26/10/2019.
O que levou o Chile a decretar estado de emergência. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=PzOfzTS2v6o> Acessado em:
26/10/2019.
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