Música para pensar #9_Triste, Louca ou Má.




Todo mundo tem direito ao nome: Hitler, Gandhi, Brilhante Ustra, Frei Titu, Bolsonaro, Mariele.
Tudo que existe, com exceção de Deus, tem um nome. Quer dizer, até para o inominável, existe um nome, ou seja, Deus, Javé, Jeová. O nome é um elemento comum a tudo e a todas as coisas, as que existem, as que não existem e as que um dia irão existir e as que vão deixar de existir. 
Ao mesmo tempo, é o nome o que possibilita a individualização da pessoa na multidão e no seu íntimo. O nome é um direito e não um direito qualquer, é um direito básico do ser humano, algo íntimo no mais íntimo da pessoa. 
E por que o Nome é o tema do Música para Pensar?
Pensei nestas considerações depois de ouvi, na Band New rádio, a notícia, frisada três vezes pelo âncora da emissora, que um Travesti, veja bem, um travesti, não uma pessoa, um ser humano, mas um travesti, de nome Francisco do Santos, fora encontrado esfaqueado em um matagal.
Vou repetir, não era uma pessoa, não era um ser humano, não era um indivíduo, era um travesti. 
Vamos supor que a notícia fosse a morte de um travesti esfaqueado, não a morte de um pessoa em si mesma, mas a morte de um travesti. Não teria  o jornalista a obrigação de saber qual o nome social dela? Certamente, se era importante frisar o Travesti, ele deveria ao menos saber seu nome social, não acha? Que certamente não era Francisco. Se não sabia o nome, que dissesse que não fora identificado.
Ou então não mencionasse o fato dela ser um travesti, pois isso não importa. Foi um ser humano que morreu esfaqueado, não um travesti, um ser humano esfaqueado em um país onde a vida vale muito pouco.
Morreu violentado em seu direito divino de viver e foi violentada, logo depois, em seu direito a um nome só teu, como reconhece o DECRETO Nº 8.727, DE 28 DE ABRIL DE 2016, que dispõe sobre o uso do nome social, enfim, de ter um nome só teu, que lhe represente em sua intimidade. Esse direito o jornalista da band News não respeitou. 
Terá o jornalista, o direito de desconhecer esse decreto e a importância do nome para os seres humanos?
Vamos lembrar, jornalistas trabalham com a palavra, podem então, ignorar a importância da palavra, do nome, do direito humano?
Que Deus nos livre do destino de ser violentados em nossos direitos, em vida e na morte.
Vamos pensar sobre isso ouvindo Triste, Louca ou Má, de Francisco El Hombre. Ouça aí, Triste, Louca ou Má, e vamos pensar.

PS. Franciscos Santos não é o nome real citado na reportagem. 

Referências:
Oliveira; Shirley. Qual a importância do nome? Disponível em: Acessado em: 15 jul. 2019.

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