O TEXTO DA POLIANA
MULHER TENTA MATAR FILHA E DEPOIS SE ENFORCA
Poliana Santos
Esse é o titulo de um caso que aconteceu em um povoado da cidade de Lagarto, um caso impressionante que chocou as pessoas dessa região, no entanto o senhor que salvou a criança não foi mencionado no texto do noticiário.
Segundo as noticias do site tragédia.com o suicídio de uma jovem abalou a comunidade do povoado em Lagarto. Maria Josefa das Dores, 22 anos, foi vitima de enforcamento, após tentar tirar a vida da filha com quinze dias de nascida e incendiar sua residência.
De acordo com as informações do site a jovem sofria de depressão pós-parto. A filha foi socorrida por vizinhos e encaminhada para o hospital regional de lagarto. A mãe já estava morta e seu corpo foi liberado na manha de uma quarta-feira de cinzas.
O que o noticiário não diz é que o dono da casa, alugada por Maria Josefa e seu Marido, derrubou a porta com a casa em chamas, cortou a corda do pescoço da menina e tirou ela de dentro da casa salvando sua vida. O mais interessante é que o relato informal dado por esse senhor horas após a tragédia é que em momento algum ele pensou em sua vida, somente foi impulsionado por uma força maior de salvar mãe e filha e inconscientemente cuidou da menina.
Conforme Boff (1999) o cuidado está na raiz primeira do ser humano, antes de qualquer coisa. E quando o ser humano está agindo, o seu ato vem sempre acompanhado de cuidado. Sendo que é reconhecível o cuidado como forma essencial de ser. Esta na natureza e na constituição do ser humano. Ele revela de forma clara como é o individuo.
Waldow ( 2001) diz que o cuidado se inicia de duas formas como um modo de sobreviver e como uma expressão de interesse e carinho.
Muitas pessoas a todo tempo estão cuidado de outras, salvando suas vidas e demonstrando compaixão. Outras, no entanto, também necessitam de cuidados, mas não percebem no dia a dia esse modo de ser, pois as tragédias do cotidiano chocam e impressionam mais que esse “simples” atos que salvam vidas ou que simplesmente acompanham vidas desde o nascimento até a morte.
Por outro lado, também a pessoas que, ao longo da vida, podem não receber esse cuidado, essas se desestruturam e definham, perdem o sentido da vida e morrem. Sem o cuidado o individuo acaba se prejudicando e prejudicando as pessoas ao seu redor. É por isso que se deve entender o cuidado como a essência do ser humano ele deve estar presente em tudo. (BOFF, 1999).
Boff (1999) diz que cuidado significa uma atitude fundamental, um modo de ser no qual a pessoa sai de si e centra-se no outro com desvelo, solicitude, diligência, zelo atenção e bom trato. O próprio cuidado pode causa preocupação e responsabilidade. Então é possível dizer que no momento em que esse homem salvou essa criança, ele sentiu inquietação, preocupação e que tinha responsabilidade de agir com cuidado.
Infelizmente, ao chegar ao quarto onde se encontrava as duas penduradas por uma corda enrolada ao pescoço, encontrou a mulher morta, enquanto a filha, que estava pendurada pela corda e encostada ao peito da jovem, chorava muito. Para o desespero desse senhor a casa estava em chamas, mas ele conseguiu tirar a criança daquela situação salvando sua vida.
Outro ponto e não menos importante do que esta sendo discutido é a questão da mídia que faz prevalecer os acontecimentos de tragédia e esconde as atitudes de cuidado. É por isso que no cotidiano não é perceptível comportamentos e demonstrações de interesse e de afeto, são raras às vezes em que um ato heróico tem algum espaço na mídia, pois o que se sabe é que a tragédia é audiência e é repetida milhares de vezes até outro fato marcante acontecer. Assim a humanidade fica indiferente a acontecimentos desse nível e torna as tragédias normais aos olhos dos homens e a essência do cuidado, que faz parte da vida, não aparece nem como solução, pois a humanidade, hoje, se surpreende quando percebe atos de compaixão.
Poliana Santos é aluna do primeiro período de Enfermagem da Faculdade AGES.
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