PENSANDO SENTADO NA PEDRA V

Ainda refletindo sobre a profissão...
Há alguns dias o supervisor pedagógico entrou em minha sala para conversar com minha turma e fiquei no corredor conversando com alguns servidores da faculdade.

Um deles ensaiava toda hora me fazer uma pergunta, mas não tomava coragem até que der repente falou:

“O senhor é quase que um médico, ?”

Respondi-lhe de primeira sem pensar muito: “Não...nem um pouco. Sou Enfermeiro. E no que eu faço sou muito melhor que um médico.”

Aí ele mostrou-me algumas manchas no braço e disse que tinha também nas costas. Que já havia feito tratamento, mas não tinha resolvido. Queria saber o que era.

Expliquei-lhe do que se tratava, qual a etiologia, como desaparecia e porque aquelas manchas sempre voltavam. Quais as formas de tratamento, quem poderia tratar e o que poderia ser feito para amenizar.

Ele quis saber quais as opções farmacológicas e lhe expliquei as três possibilidades que conhecia. Então ele questionou qual delas era melhor para seu caso.

Pela experiência o Enfermeiro acaba sabendo qual o melhor tratamento e a tentação é grande em dizer qual. Mas a questão central aqui é: indicar o tratamento farmacológico, na grande maioria dos casos, não é da competência do Enfermeiro. E, apesar disso, não me diminui em nada dizer que neste caso ele teria que procurar o médico, pois o bom funcionamento da medicação depende de uma série de informações e considerações que não tem como ser feita no corredor.

Mesmo indo embora sem o tratamento definitivo, ele não se mostrou insatisfeito, pelo contrario, parecia satisfeito pelas informações recebidas, até porque agora ele saberia exatamente o que teria que fazer para resolver o problema.

O bom Enfermeiro é o que sabe qual seu papel e o faz. Medicar não é a finalidade maior de nossa profissão. Para isso existem outros profissionais. Mesmo sem prescrever existe muito trabalho a ser feito pela Enfermagem e não dá para acreditar que “passar” medicações seja mais importante que as outras formas de terapêutica. Cada profissional da área de saúde tem seu espaço e bom que reconheçamos qual é o nosso.

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