ALGUNS PASSOS NO IV ENEPS

O ENCONTRO

O IV ENEPS começou há muito tempo e vai demorar um pouco ainda para terminar, mas nos últimos dias ele foi mais presente.

Lembro com muito carinho do processo de construção deste encontro, das discussões animadas em torno da confecção, das rodas, oficinas, mesas, vivências. O IV ENEPS começou verdadeiramente, ao menos para mim, uma semana após o III, em São Carlos, quando iniciaram as avaliações sobre o encontro na rede. Para outras pessoas, como a Waldenez, a Verinha e muitas outras, magino que possa ter começado bem antes. Para outras pessoas pode ter sido muito depois e pode ter acontece que para outras só tenha começado no dia 3 ou 4.

Mas vamos ao que interessa, no momento: por algumas das dificuldades da organização, que não devem ter sido poucas, dado a complexidade do evento e do seu tamanho, só recebi a confirmação da passagem poucas horas antes de viajar. E não havia mais nem onibus para ir até o aeroporto a tempo de embarcar. Dentro de mim eu tinha uma intuição de que não iria conseguir ir chegar em Fortaleza. Evidente que era uma intuição errada, ainda bem ou teria perdido um grande encontro.

Minha esposa, que antes de tudo é minha musa inspiradora, que consegue me centrar, localizar as coisas, dizia para eu arrumar a bolsa, mas eu não conseguia, por isso tive que fazer tudo de última hora. Procurar alguém que pudesse dar uma carona até Campo Grande, o que não foi simples, mas me fez entrar em contato com algumas pessoas que se importaram com a situação, que procuraram resolver e se prontificaram a me conduzir até a capital. E essas pessoas não tinham nenhuma responsabilidade com o Encontro ou comigo, eram apenas cidadão dispostos a contribuir e ajudar o Ernande.

Aqui vale um parêntese: particularmente entendo que quando se vai para um evento de saúde (numa concepção mais ampla do que seja saúde) estou a serviço da causa, que entendo ser também responsabilidade do SUS local. Mais que isso, se viajo por conta de uma experiência desenvolvida na cidade, da qual sou mero membro da equipe, entendo que estou também representado a cidade, não só os moradores, os usuários do SUS, mas também a cidade enquanto instituição, enquanto estado. Se a viagem, como para este encontro, é fora de Mato Grosso do Sul, estou também representando o estado. A cidade e o estado vão onde eu ou outro membro da equipe for.

FORTALEZA

Dia 30 de julho viajei, dia 31 cheguei em fortaleza as quarto horas sem ter nem o numero do telefone da secretaria do evento, nem o endereço do hotel. Não que não estivesse disponível, mas não sou muito bom em organizar essas informações ou mesmo lembrar delas.

Mas no aeroporto fui recebido pelo bom povo da organização que foram me mostrando os caminhos das pedras. Alias a organização em nenhum momento me deixou na mão sem respostas, sem saber onde, quanto ou o porquê disso ou daquilo. Todos foram muito ternos, serenos, disciplinados, poéticos e diria revolucionários.

Para ganhar tempo e agilidade não fomos diretamente para o SESC, local do encontro, mas passamos pelos subúrbios de Fortaleza. E isso foi muito bom e inesperado, pois acredito que só se conhece uma cidade passeando por seus subúrbios e de preferência por vários dias, parando, conversando, olhando as pessoas e seus locais de viver.

No SESC, depois de menos de uma hora de descanso já estava procurando sarna para se coçar, e o pior, encontrei.

Fui vendo, reconhecendo se encantando com pessoas que só lia pela rede ou pela obra.

Foi boas demais conhecer seus formatos físicos. Todas foram surpreendentes e para não correr o risco de comentem indelicadezas, alem das que cometi presencialmente, quero citar apenas o Zé Ivo, porque lia sempre suas poucas mensagens na rede, li alguns textos dele e tinha a imagem de uma pessoa formal, seria (que realmente e definitivamente é) mas que é muito doido (no bom sentido) na aparência, nos gestos, caretas e amorosidade, delicadeza, atenção. E através do Zé Ivo quero deixar aqui meu depoimento de que todas as outras pessoas que conheci fisicamente são o que eu esperava delas em generosidade e despojamento.

OS ENCONTROS

Os encontros foram muitos e em muitos espaços. Minha missão principal, ao lado do Sergio e do Julio era registrar em áudio o encontro. Conversar com os responsáveis pelas rodas, cirandas, mesas, organização, palestrantes. Além disso, tínhamos que facilitar uma oficina de produção de áudio na perspectiva da educação popular. Como disse Sergio chegamos com o Plano A, B e C e acabamos utilizando o plano D. Isso não quer dizer que tenhamos rebaixado nossa expectativa, mas apenas que tivemos que adaptar a realidade que encontramos e a expectativa das pessoas que vieram buscar informações em nossa oficina.

Mas os encontros foram muitos: físicos, espirituais, comunais.

Tínhamos a intenção de conversar com ao menos uma pessoa de cada uma das rodas, mas eram tantas coisas que aconteciam ao mesmo tempo, fossem elas oficias ou paralelas, improvisadas ou redondamente planejadas que logo percebemos que não havia como respeitar nosso planejamento nem nossos critérios de seleção. Não foi possível cobrir nem 10% do que imaginava, mas o trabalho foi triplicado. Agora enquanto escrevo esse texto (vôo entre Fortaleza e Guarulhos) ainda sinto dores no corpo e morrendo de medo das dores de ouvidos que sofre na ida para o Ceará.

A OFICINA

A oficina de produção de material de áudio não teve o apelo que imagina que teria. Poucas pessoas apareceram para aprender conosco. Umas disseram não saber que ela iria acontecer, outras porque se sentiram atraídas por outras atividades ou se perderam ou se acharam como preferirem. Mas talvez porque também perceberam, via rede, que isso de fazer rádio ou podcast é coisa muito simples e pode se aprender sozinho. E acho que tem muita chance de ser isso mesmo dada a grande quantidade de experiências envolvendo rádios comunitárias que foram relatadas no evento, algumas inclusive que não conhecia nem de ouvir falar, como a experiência da Renata e do Marcos em Porto Alegre. Eles fizeram exatamente o que digo, foram lá e fizeram e aprenderam fazendo.

Houve ainda algumas surpresas que não esperávamos na oficina: Eymard, que antes de eu sonhar em fazer programa de rádio sobre saúde já o fazia, compareceu a oficina buscando atualização com as novas tecnologias (que é a especialidade do Julio). Foi muito legal e emocionante poder tirar algumas dúvidas de Deus (como dia Julio) mostrar algumas ferramentas, dar alguns macetes. Bonito ver também Jesus (mais conhecido como Marcos) fazer outro caminho, mas entrar por uma porta que o Pai entrou bem antes de todos nós, que é a atuação como educador popular no rádio.

A oficina e nosso trabalho de cobertura propiciou outros momento igualmente importantes que não estavam inicialmente na pauta, apesar de pensado, sonhado e esperado, que foram as gravações do DIÁLOGOS DE EDUCAÇÃO POPÚLAR EM SÁUDE especial IX ENEPS. Correndo o risco de errar, pois estou sem fontes de consulta, foram três ao quatro gravações. A primeira com a presença da Graciela e o pessoal da oficina, a segunda com Verinha, Zé Ivo e Carlos Silvan e a terceira com a Laureni e a Gil do Piaui.

Além destes programas especiais ainda foi possível conversar com muitas outras pessoas ao longo dos dias e gravar algumas intervenções. Entre esses bate papos se destacam: Ray Lima do Ceará, Simone Leite de Sergipe, Mainha do Rio Grande do Norte, Pessoal do Tambores do Movimento, Grupo Bate Palmas, Mestre Antonio repentista, Uli da Alemanha, Pai Celso de São Paulo, Tarcísio da organização do evento, Renata de Porto Alegre, Silvéria de Goias e por aí vai.

Os programas logo estarão disponíveis e poderão ser conferidos por todos. Além disso ainda conseguimos vídeos e fotos que registraram por diversos ângulos esse encontro memorável.

Agora...bem...agora já estou esperando o próximo ENEPS para fazer tudo de novo e melhor.

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