DIA CHEIO

Esta terça-feira (18 de março) foi um dia cheio para nós da Equipe de Saúde da Família da área urbana. Começamos o dia com duas atividades simultâneas: atendimento no Lar dos Idosos e vacinação domiciliar. No período da tarde ainda houve reunião do grupo de gestantes e com os servidores da Secretaria de Saúde para organizar o Dia Mundial da Saúde.

Visita ao Lar dos Idosos

Todos os meses temos uma visita programada ao Lar dos Idosos. Essa visita se desdobra em várias outras ao longo do mês. Por exemplo, na visita desta semana foi agendo acompanhamento de um usuário para tratar de uma ferida na perna, foi agendado consulta médica também. Ficou acertado que no caso do senhor que tem uma ferida na perna que o acompanhamento de Enfermagem vai ser semanal.

Na visita mensal é realizado atendimento de Hipertensão: medidas antropométricas, verificação da pressão, verificação das medicações e queixas. Logo em seguida nos reunimos com todos para um bate-papo.

Nesta semana tivemos duas surpresas: a primeira foi receber a visita do Padre a segunda foi descobrir tantos violeiros talentosos internos ao Lar.

Já havíamos terminado o atendimento coletivo quando o Padre Severino e a Irmã Lúcia chegaram para fazer visita. O pessoal da igreja está realizando as atividades relativas a Semana Santa e a visita ao doente e enfermos faz parte. No entanto é preciso questionar: interno em Lar de Idosos são doentes¿ Por outro lado, a maioria das pessoas que precisam morar em um abrigo deste tipo é porque não tem familiar ou a família não quer ou não pode cuidar deles. Sendo assim podem dizer que estão com boa saúde¿

Seja como for foi um reunião muito boa. Sentamos com o Padre e a Irmã e participamos das orações. Ao fim aproveitamos para convidar o Padre a desenvolver outras atividades junto conosco e o Padre pediu apoio de nosso violeiro (Enfermeiro Paulo) para acompanhá-lo em um hino de louvor.

A segunda surpresa foi descobrir no Lar dos Idosos várias pessoas que tocam violão e tocam muito bem. A maioria deles disseram que tinham vendido seus instrumentos e que não tocava há muito tempo. Mas bastou levar um violão para despertar neles a vontade de dedilhar as cordas.
Isso nos faz pensar que algum dia alguém ainda vai ter que escrever sobre o poder de um violão e um violeiro para aglutinar e motivar as pessoas no trabalho comunitário, se é que ainda não foi escrito. Mas esta é uma outra conversa.

Faz bastante tempo que temos observado que o Lar dos Idosos, apesar de limpo, não faltar alimentação ou cuidados básicos é meio sem vida. Esse meio sem vida diz respeito à falta de integração dos internos com a casa e com o meio. É fato que a comunidade volta as costas para os idosos, que lhe confinam nestes abrigos para escondê-los (¿). Na maioria das vezes e para maioria das pessoas basta que esses abrigos sejam limpos e que não faltem alimentos e então é considerado bom. Mas será só isso¿ O que os internos pensam disso¿ Os nossos idosos estão aparentemente satisfeitos, mas porque será uma vez que sua individualidade e valores são reprimidos em nome da ordem¿ Será talvez porque não têm outra opção¿

Muitas vezes a individualidade e os valores de cada um são reprimidos em nome da normalidade, da convivência e de um suposto bom estado de saúde ou ainda, argumentam, procurando minimizar os riscos. Mas será possível viver sem riscos¿ É válido em nome de manter a saúde ou evitar a doença matar os valores, virtudes, gostos, fantasias e ilusões e os prazeres de cada um¿ Existe vida em viver sem isso¿

Vacinação

Enquanto estávamos no lar do idosos e conseguimos participar de diversos acontecimento que nos fizeram pensar, agir e refletir sobre nosso agir, outro grupo estava percorrendo as casas de usuários acamados ou com dificuldades de locomoção e oferecendo oportunidade de tomar vacinas contra febre amarela e tétano.

Com o simples ato de vacinar, que é tão simples para nós quanto de cuidado se pode prestar a população¿ Quanto custou isso em termos financeiro ao governo municipal, estadual e federal¿ Será que isso tem um custou ou é um investimento na saúde e na qualidade de vida da população¿


Reuniões e encontros

No período da tarde tínhamos duas atividades: reunião de gestantes e reunião para organização do Dia Mundial da Saúde.

O Paulo, seu violão e algumas Agentes Comunitárias de Saúde foram participar da reunião de gestantes. Eu e outros Agentes ficamos na realização da Reunião com os Servidores da Secretaria de Saúde.

A reunião de gestantes é realizada toda terça-feira. É desenvolvida em parceria com a Igreja Católica e a Secretaria de Assistência Social. Cada semana um profissional de Saúde realiza uma “palestra” para as gestantes. A “palestra” com a Enfermagem foi realizada semana passada, quando pela primeira vez o Paulo levou seu violão mágico. Foi um encanto e pediram para ele voltar, e ele voltou.

O bom destas reuniões é que não fica naquela velha conversa de sempre que toda gestante a partir do segundo filha ta cansada de ouvir. Tem essa parte também, mas dá-se importância a uma atitude pro ativa da parte da futuras mães. No encontro elas têm oportunidades de socialização, de aprender a cuidar de seus futuros filhos. Aprendem a bordar, tricotar e outras coisas simples que lhe ajudam a esperar, ter paciência e em alguns casos a preparar o enxoval das crianças. Não se trata de um encontra perfeito. Para ser sincero se fosse o encontro de total responsabilidade da Equipe, mudaria muita coisa. Mas a verdade é que é bom estarmos juntos com a comunidade e as vezes fazer só o que dá neste momento. Já houve época em que separaram os encontros, ficou a Igreja e o Serviço Social de um lado e a Equipe de outro. Haviam 5 gestantes em cada encontro. Hoje temos 10 e as vezes mais que isso, mas porque foi unidos os esforços.

Para reunião de organização do Dia Mundial da Saúde foi convidados os seguintes setores: Vigilância Sanitária, Endemias, Clínica Multi profissional, Hospital, Equipe de Saúde da Família da área Rural, Centro de Saúde e nossa Equipe, que promovia a reunião. Compareceram representantes da Clínica da ESF Rural e foi só.

Nossa intenção era realizar um grande feira de saúde, com todos os órgão da SMS prestando serviços ou expondo seus trabalhos.

Na semana anterior foi realizado reunião com a comunidade e as escolas para organizar esse mesmo encontro e a participação também foi pequena.

Parece que as pessoas não estão interessadas em se envolver além do que lhes é comum e básico. Há uma desmotivação geral que parece contagiosa, porém as quatro pessoas presentes decidiram levar a ideia à frente, mesmo que tendo que diminuir a expectativa inicial.

Foi realmente um dia cheio para equipe, mas isso não é novidade, quase todos os dias são assim em Rio Negro.

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